Nós, de SUMAÚMA, viemos dizer com toda a clareza: a aprovação do PL da Devastação é um dos piores momentos vividos pelo Brasil desde o fim da ditadura empresarial-militar (1964-1985).
É um dos piores porque, na prática, o projeto que está virando lei acaba com a análise dos riscos de destruição da Natureza e com as obrigações de reduzir os impactos. Na maioria dos casos, valerá a autolicença, ou mesmo a isenção da licença. Isso significa que passa a poder tudo, de estradas a hidrelétricas, da soja a pecuária. Inventaram ainda um rito simplificado para obras que o governo considerar “estratégicas”.
Isso significa que haverá muitos poucos recursos legais para barrar a destruição da Amazônia, do Cerrado, do Pantanal, da Mata Atlântica, da Caatinga, do Pampa. Isso significa que a vida das novas gerações se encurtará junto com a vida da Floresta e de todos os biomas. Isso significa que a ação do Congresso ameaça o planeta.
É um dos piores porque isso acontece em um governo que, apesar das justas críticas que podem ser feitas, é democrático. Assim como a lei inconstitucional do marco temporal e várias outras, o Congresso mais predatório da história aprova uma lei seguida da outra para destruir a possibilidade da lei.
É perverso.
E já planejam um ataque robusto à Constituição. É a destruição da democracia por dentro, como testemunhamos. E, assim, prepararam o terreno para um novo governo de extrema direita, que aí, sim, não terá nenhuma barreira para acabar com tudo. Exceto o Judiciário, que já está sob ataque há muito.
O que chamam de “flexibilização” do licenciamento é licença para matar. A Natureza – e o futuro.
O governo Lula é fraco, Marina Silva luta quase sozinha em um ministério dominado, só resta nós. As crianças que já nasceram e as que ainda irão nascer – nossos filhos, irmãos, netos, sobrinhos, primos – só têm a nós para lutar pelo mundo em que irão viver. Então junte-se, organize-se, faça a sua parte, porque o tempo está se esgotando.
A boiada está passando. Mas, entendam: os bois rumo ao matadouro somos nós.
Texto: Eliane Brum
Ilustração: Pablito Aguiar
Edição de arte: Cacao Sousa
Edição de fotografia: Lela Beltrão
Checagem: Plínio Lopes
Revisão ortográfica (português): Valquíria Della Pozza
Montagem de página e acabamento: Natália Chagas
Coordenação de fluxo editorial: Viviane Zandonadi
Editora-chefa: Talita Bedinelli
Diretora de Redação: Eliane Brum