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A vegetação da Ilha do Arapujá, que teimava em renascer depois de ter sido desmatada por Belo Monte, foi destruída pelo fogo. Foto: Soll/SUMAÚMA

Passados mais de dois meses desde a queimada que destruiu 30% da Ilha do Arapujá, nos dias 30 e 31 de outubro e 1o de novembro de 2024, ainda não há nenhuma conclusão das autoridades responsáveis. A ilha-símbolo de Altamira, na Amazônia paraense, é um retrato da impunidade dos incêndios que devoram a maior floresta tropical do planeta.

Em 10 de dezembro, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou “notícia de fato”, procedimento que inicia uma análise criminal, para apurar responsabilidades. Dois dias depois, foram enviados ofícios ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), à Polícia Federal em Altamira e à Delegacia de Polícia Civil da cidade pedindo informações, no prazo de 15 dias corridos. Nenhum órgão respondeu.

O MPF afirma que vai expedir novos ofícios cobrando respostas.

O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), que instaurou “notícia de fato” ainda em novembro para identificar o quê ou quem causou a queimada, também pediu informações às autoridades. O Corpo de Bombeiros respondeu, mas o MPPA não recebeu retorno algum da Polícia Civil de Altamira. A Delegacia Especializada de Conflitos Agrários, que assumiu o caso, alega  não ter recebido o laudo da perícia ambiental.

Como SUMAÚMA contou na reportagem “Arapujá, a segunda morte da ilha que vestia a lua”, a Polícia Científica de Altamira  tem apenas um perito ambiental, apesar de ser o maior município do Brasil, quase do tamanho de Portugal e Irlanda juntos, e de ser um dos recordistas de crimes ambientais. A perícia no Arapujá só pôde ser feita 20 dias depois de o fogo ser contido, quando o perito retornou de uma operação em Novo Progresso, município que fica a 817 quilômetros por estrada.

SUMAÚMA seguirá exigindo justiça para o Arapujá.

Da orla do cais de Altamira, o pescador Lídio Pessoa, que catava Murici no Arapujá, vela a ilha-símbolo da cidade, atingida pelo incêndio. Foto: Soll/SUMAÚMA


Texto: Guilherme Guerreiro Neto
Edição: Eliane Brum
Edição de fotografia: Soll
Checagem: Plínio Lopes
Revisão ortográfica (português): Valquíria Della Pozza
Montagem de página e acabamento: Natália Chagas
Fluxo editorial: Viviane Zandonadi
Editora-chefa: Talita Bedinelli
Diretora de Redação: Eliane Brum

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