A bacia amazônica é responsável por cerca de 15% de toda a água doce despejada nos oceanos e 13% de toda a biodiversidade do planeta. Mas os rios da maior floresta tropical úmida do mundo estão secando: seus níveis atingiram recordes de baixa neste ano, em uma forte estiagem que pode superar os índices críticos de 2023, quando as águas do Rio Negro, por exemplo, já alcançavam a menor marca desde 1902 – ano em que essas medições começaram a ser realizadas. Tudo isso acontece, alertam os cientistas, em um momento em que o bioma já perdeu 18% de sua cobertura florestal – o que diminui sua capacidade de absorver e armazenar carbono –, se aproxima do ponto de não retorno e o aquecimento da temperatura global se acelera.
as Imagens foram feitas em setembro e outubro de 2024.
AS medições históricas da Agência nacional de águas e do Serviço Geológico do Brasil, o SBG, mostram que os menores índices dos rios foram registrados em outubro.
“Fortes secas na Amazônia têm aumentado em frequência e intensidade, de quatro em um século para quatro em menos de 25 anos, em conjunto com o desmatamento crescente e o aquecimento global”, alerta o Painel Científico para a Amazônia, em documento publicado neste ano.
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) decretou situação crítica de escassez hídrica dos Rios Xingu, Iriri, Madeira, Purus, Acre, Paraguai e Tapajós, um alerta que vai até 30 de novembro. No início de outubro, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que 58% do território brasileiro está afetado pela seca, na pior estiagem dos últimos 75 anos.
A destruição da fauna e da flora e os impactos sociais e econômicos na vida das comunidades, em especial Ribeirinhas e Indígenas, têm uma escala ainda não devidamente quantificada no Brasil. O Painel Científico para a Amazônia estima que, até 2050, os maiores países da bacia amazônica (Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia e Equador) perderão cerca de 45 bilhões de dólares do Produto Interno Bruto, o PIB, por causa das secas mais fortes e frequentes que acabarão com safras e provocarão incêndios constantes.
Pesquisa: Malu Delgado e Lela Beltrão
Edição: Viviane Zandonadi
Infografia: Rodolfo Almeida
Edição de Arte: Cacao Sousa
Edição de fotografia: Lela Beltrão
Checagem: Plínio Lopes
Revisão ortográfica (português): Valquíria Della Pozza
Tradução para o espanhol:: Julieta Sueldo Boedo
Tradução para o inglês: Diane Whitty
Montagem de página e acabamento: Natália Chagas
Coordenação de fluxo de trabalho editorial: Viviane Zandonadi
Editora-chefa: Talita Bedinelli
Direção: Eliane Brum