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As tartarugas Matamatá têm a cabeça achatada em forma de flecha e uma carapaça oleosa, marrom e ocre, que permite que se camuflem em águas rasas. Foto: Luquet M./HorizonFeatures/Leemage via AFP

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Poderiam ser dragões emergindo de uma armadura, serpentes em busca de abrigo sob uma carapaça de pedra ou uma pilha de folhas mortas no fundo de um rio. “Ah, a feia”, disse uma senhora ao ver uma delas em um lago nos arredores da cidade de Leticia, na Amazônia colombiana. “Matamatá guitarra”, diz Elizabeth Pérez, uma Indígena de 52 anos que monitora o consumo dessa espécie de tartaruga na praça do mercado de Paujil, em Puerto Inírida. Ela passa no fundo dos rios vigiando, conta. Cuida do senhor das águas, e canta.

Sabemos pouco sobre as tartarugas Matamatá (Chelus fimbriata). São encontradas em nove países, em uma área que cobre quase 40% da América do Sul, mas desconhecemos quantas delas existem – não há estimativa. Tampouco sabemos quais são seus principais predadores, ou mesmo a origem de seu nome. Há quem afirme que vem do Tupi-guarani mata matá (mata muito) e que se refere à capacidade predatória da tartaruga, pois ela se alimenta exclusivamente de peixes e crustáceos vivos. Outros falam de uma possível adaptação de raparapa, seu nome em sranan tongo, língua falada nas Guianas, termo mencionado pela primeira vez em meados do século 18 pelo naturalista francês Pierre Barrère, mas o vocábulo não parece ter um significado claro.

Pertencem à família Chelidae e têm suas raízes em Gondwana, o supercontinente que incluía a América do Sul, a Austrália, a Arábia, a África, a Antártida e a Índia. São as únicas sobreviventes do gênero Chelus, que em grego significa “tartaruga” ou “lira”, em referência ao principal material do qual a estrutura do instrumento era feita. Seus ancestrais distantes têm a idade dos primeiros dinossauros e são anteriores aos crocodilos, aos mamíferos e às flores. Seus parentes mais próximos testemunharam a elevação final da Cordilheira dos Andes, a delineação do Rio Amazonas e a extinção dos Tigres-dentes-de-sabre, das Preguiças-gigantes e do restante da megafauna.

Não mudaram muito desde aquela época, de acordo com os registros fósseis. Têm um sorriso perpétuo sob o bico, um nariz semelhante a um snorkel para respirar em águas rasas, e protuberâncias na parte inferior da face que lembram barbas marinhas ou bigodes de mau gosto. A face das Matamatás é achatada e triangular, parecida com a de uma Cascavel atropelada. As maiores delas têm casco com pouco mais de meio metro de comprimento, embora existam histórias na Amazônia de espécimes enormes, capazes de fazer tropeçar as pessoas incautas que as confundem com pedras. Seu pescoço tem quase o mesmo comprimento da carapaça e, por isso, ao contrário de outras tartarugas, é impossível para as Matamatás esconder a cabeça. Elas a protegem dobrando o pescoço horizontalmente sob a carapaça e o estendem repentinamente quando estão caçando. Dia e noite, sugam com força os peixes e animais que se aproximam, graças a um poderoso aparelho hioide – o conjunto de ossos que encaixa o pescoço e a mandíbula – e um esôfago distensível. Essa sucção é o único som que elas fazem, ou pelo menos o único que conseguimos detectar (outras tartarugas fazem todo tipo de ruído: o ladrido dos velocirraptores em Jurassic Park é, na verdade, o som de Jabutis fazendo sexo).

Elas preferem riachos rasos e de baixa velocidade, mas também habitam rios turvos e canais de esgoto. Não sabemos quanto tempo vivem, porém, como as demais tartarugas, têm vida longa, talvez ultrapassando os 70 ou 100 anos.

“As tartarugas realmente não morrem de velhice”, disse ao jornal The New York Times o curador associado de herpetologia do Museu Americano de História Natural, Christopher Raxworthy; se não forem comidas por outro animal, e se não houvesse vírus e bactérias, poderiam viver indefinidamente.

Tampouco está muito claro quem as come. Ratões-do-banhado já foram observados atacando-as, Teiús-gigantes foram vistos invadindo seus ninhos, mas não há maneira de identificar as Matamatás como dieta essencial de um animal específico. Algumas pessoas acreditam que elas talvez possam servir de alimento para Onças-pintadas e Crocodilos.

Algumas comunidades da Amazônia e da Orinoquía [região geográfica da Colômbia e da Venezuela banhada pelas águas da bacia do Rio Orinoco] as comem há séculos, embora se trate de um consumo sustentável, de acordo com o Instituto Amazônico de Pesquisas Científicas. A maioria das pessoas as deixa em paz. É difícil vê-las, a menos que as águas tenham baixado; sua quietude e aparência vegetal as tornam quase invisíveis. Se alguém consegue encontrá-las e elas se sentem ameaçadas, “levantam a cauda e soltam peidos nojentos”, contam os biólogos Carlos Lasso e Mónica Morales, que estudaram a espécie. São gambás reptilianos sem a pelagem e o rosto redentor dos mamíferos.

Apesar disso, são cada vez mais escassas, ou ao menos é isso que se acredita, pois não há dados sobre o tamanho das populações, seja em escala mundial, seja por país. Isso se deve, em parte, à destruição de seu hábitat, à crise climática (nas tartarugas marinhas, a temperatura na qual os ovos são incubados determina o sexo dos filhotes; nas espécies de rio, parece afetar o comportamento) e aos demais suspeitos de sempre: mudanças no uso da terra, poluição e introdução de espécies invasoras. Mas, no caso das Matamatás, existe um fator adicional: colecionadores nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia pagam centenas de dólares por cada uma. Elas podem ser compradas apenas algumas semanas depois de nascer, com poucos anos de vida ou já adultas.

Só no Peru são vendidas legalmente. Até 2015, alguns poucos milhares eram exportados a cada ano, pois era necessária uma autorização do Serviço Nacional Florestal e de Fauna Silvestre (Serfor) para criá-las e tirá-las do país. Naquele ano, entretanto, foi aprovada uma lei que eliminou essa exigência. Desde então, criadores de animais peruanos, com o reforço de traficantes colombianos, enviaram mais de 60 mil Matamatás para ocupar os aquários e satisfazer as vaidades de entusiastas em todo o mundo. Em pouco tempo, a Matamatá se tornou a segunda tartaruga mais exportada do Peru, atrás apenas da Tracajá (Podocnemis unifilis).

O problema é antigo: “As tartarugas são os animais mais explorados e abusados do mundo”, escrevem Jeffrey E. Lovich e Whit Gibbons, autores do guia ilustrado Turtles of the World [“Tartarugas do mundo”, em tradução livre, publicado pela Princenton University Press e sem edição em português]. Em 2011, as autoridades de Hong Kong impediram a entrada de um carregamento de 11 mil tartarugas de 11 espécies, relata a escritora Sy Montgomery em seu livro Of Time and Turtles [em tradução livre, “Sobre tempos e tartarugas”, da Harper Collins, não lançado no Brasil]. Quatro anos mais tarde, nas Filipinas, foram apreendidos 3,8 mil indivíduos da espécie Siebenrockiella leytensis [Tartaruga Florestal de Palawan], uma tartaruga de água doce endêmica daquele país, e que corre risco crítico de extinção.

É um negócio irresistível para os traficantes: no mercado ilegal, uma tartaruga Cuora yunnanensis (Tartaruga da caixa de Yunnan) pode atingir o preço de 200 mil dólares (mais de 1 milhão de reais) e uma Cuora trifasciata (Tartaruga da caixa da moeda dourada ou Tartaruga chinesa da caixa de três listras), 25 mil dólares (mais de 136 mil reais). As Matamatás são mais baratas – entre 250 dólares e 1 mil dólares (de 1.370 a 5,5 mil reais). A quantidade de espécimes e a pobreza dos países, porém, parecem fazer valer a pena o esforço

Sabemos pouco sobre essas tartarugas, mas, com as informações disponíveis, fica evidente que há três cenários principais que elas enfrentam. São três histórias de vida, tranquilas, turbulentas ou injustas, a depender de como sejam encaradas. Juntas, essas histórias mudaram o mundo, pois levaram à descoberta de redes de tráfico transnacionais, à identificação de uma nova espécie e à criação de protocolos genéticos, alianças policiais e de uma convenção global para impedir seu extermínio.

I 

Tudo começa com um ovo. Ou melhor, começa com três ovos em igual número de ninhos. Por ora, vamos nos concentrar em um deles. Uma fêmea solitária o enterrou em 2014 em uma praia arenosa da porção colombiana da Orinoquía, junto a pelo menos meia dúzia de outros ovos, por volta de setembro ou outubro, época em que a estação chuvosa termina e as águas começam a baixar (para os Indígenas Sikuani, outubro é o mês da Matamatá, a quem eles chamam de Atzapani). Nesse primeiro ninho, ovos esféricos de 35 milímetros de diâmetro – quase bolas de pingue-pongue – passaram cerca de 200 dias em incubação, longe das garras de lagartos, cães e outros predadores. Até que um dia uma pessoa começou a cavar ao redor deles.

O saqueador levou os ovos do primeiro ninho, incluindo um em particular, que é o nosso foco. Não se sabe quem o apanhou e como esse e os demais ovos foram transportados para Bogotá, ou se, na verdade, sua incubação terminou em Puerto Inírida ou Villavicencio. Talvez tenham esperado sua eclosão e, em seguida, embarcado os filhotes imediatamente em um avião. De qualquer forma, o ambiente deve ter sido completamente estranho para a Matamatá do primeiro ninho que é o tema desta primeira história.

A espécie é altamente resistente, me disse Daniel Alonso Pardo, um veterinário que, em sua função de diretor da Fundación Ikozoa Bioparque del Amazonas, tomou conta de milhares de filhotes apreendidos no aeroporto de Leticia entre 2019 e 2020. As poucas mortes registradas por ele foram causadas por mudanças bruscas de temperatura. Os filhotes sofriam hipotermia e amanheciam sem vida.

Radiografia de uma Matamatá registrada pela Fundación Ikozoa Bioparque del Amazonas. A espécie pertence à subordem Pleurodira, conhecida como Tartaruga de Pescoço de Cobra. Foto: Cortesia da Fundación Ikozoa Bioparque Amazonas

Quando a Matamatá do primeiro ninho foi transportada, seu casco tinha apenas 2 ou 3 centímetros de comprimento. Era uma versão em miniatura de seus pais. A principal diferença era a cor: não tinha os tons pardo, ocre e marrom-escuro dos adultos, mas uma tonalidade entre vermelho, laranja e rosa semelhante à da carne bovina crua, à casca de certos caranguejos ou a um tipo de Salmão. Com apenas alguns dias de vida, a tartaruga já tinha cinco garras pequenas e bem formadas nas patas dianteiras e quatro nas patas traseiras. A cicatriz do cordão umbilical que a havia ligado à parede do ovo podia ser reconhecida no meio do plastrão, a parte inferior da estrutura do casco (a marca desaparece depois de algumas semanas). E o filhote ainda era mais atraente do que os adultos de sua espécie, ou pelo menos ainda mais irreal. “Elas são feiamente lindas”, me disse Mónica Morales, bióloga especialista em tartarugas que estudou a história natural das Matamatás.

Para evitar que morresse no caminho, é possível que tenham tentado aumentar sua temperatura embrulhando o filhote em folha de jornal, serragem ou algum outro material barato. Nas ocasiões em que as autoridades conseguem apreender as tartarugas, elas costumam ser encontradas em caixas de papelão de maçãs chilenas, embaixo de cargas de alevinos destinadas a projetos de piscicultura ou em meio a carregamentos de peixes ornamentais.

A tartaruga Matamatá que foi tirada desse ninho no Orinoco colombiano talvez tenha morrido no caminho devido às mudanças de temperatura, mas, para o bem da nossa história, vamos supor que tenha honrado sua espécie e de alguma forma sobrevivido à viagem. É possível que ela tenha chegado a Leticia em um avião de carga DC-3, camuflada como encomenda ou em um carregamento de peixes. Alguém a recolheu pontualmente, com suas irmãs e irmãos – é difícil distinguir os sexos à primeira vista, mas os machos geralmente são um pouco menores, têm cauda um pouco mais longa e plastrão mais côncavo –, e o filhote atravessou a fronteira sem dificuldade.

Essa é a parte mais fácil da viagem para os traficantes. Leticia, a capital do departamento colombiano do Amazonas, está localizada na fronteira com o Brasil e o Peru. Em meados de junho, visitei a cidade e, em menos de vinte minutos, caminhei da Colômbia até Tabatinga, no Brasil, e em seguida atravessei o rio de barco da Colômbia para o Peru. Não há controles de fronteira e a viagem até Santa Rosa do Javari, a cidade peruana do outro lado do Rio Amazonas, custa pouco mais de 5 reais (1 dólar). O barqueiro que me levou, um Indígena do Putumayo chamado Antonio, tem uma Matamatá de estimação em sua casa e se ofereceu para me conseguir uma tartaruga, caso eu estivesse interessado.

Ao sair de Leticia, ela provavelmente desceu o rio até Iquitos, no departamento peruano de Loreto. Os barcos partem de lá três vezes por semana, com passagens que custam cerca de 215 reais (40 dólares), e levam por volta de dezoito horas para chegar ao destino, uma viagem relativamente curta. Os principais exportadores de fauna do Peru são encontrados nessa região. Lá, a Matamatá do primeiro ninho foi misturada às que foram criadas na empresa para a qual foi vendida. Ela era diferente das demais, mas isso não deve ter importado muito. As Matamatás raramente interagem. Em cativeiro, os machos e as fêmeas se reconhecem e fazem movimentos sincronizados na água quando estão prontos para acasalar – a maturidade sexual ocorre por volta dos 5 e dos 7 anos –, mas, exceto por esses momentos, parecem ignorar-se, especialmente no começo da vida. Assim, a tartaruga permaneceu imóvel em seu tanque por um bom tempo. Ela foi alimentada e cuidada, não há como saber se bem ou mal, até que chegou uma encomenda de Hong Kong, China, Taiwan ou dos Estados Unidos, os principais clientes das empresas peruanas. A tartaruga foi novamente embarcada em um avião, dessa vez com mais cuidado, para ser transportada até um aquário.

Seu preço aumentou exponencialmente. De acordo com o major Christian Hair Mesa, chefe da Unidade de Investigação de Crimes contra os Recursos Naturais e o Meio Ambiente da Polícia Nacional da Colômbia, a pessoa que escavou os ovos na Orinoquía colombiana recebeu algo entre 7 e 14 reais (1,25 e 2,50 dólares) por tartaruga; dos traficantes em Leticia foram cobrados aproximadamente 27 a 41 reais (5 a 7,50 dólares) e os compradores em Tabatinga, no Brasil, ou Santa Rosa do Javari, no Peru, pagaram desde 165 até 215 reais (30 a 40 dólares) por quelônio. O preço para clientes finais – colecionadores e donos de aquários domésticos – é seis a 25 vezes mais alto do que esses últimos valores.

É muito fácil comprar Matamatás. Há vários revendedores nos Estados Unidos. Recentemente, escrevi para cinco deles a fim de perguntar sobre seus espécimes. Eles se oferecem para enviá-los em menos de uma semana com todo o cuidado possível, para qualquer parte do país, e é possível adquirir aquários especiais onde manter as tartarugas. A água precisa ser trocada com frequência para evitar doenças, o pH deve ser mantido entre 5 e 6 e a temperatura, em torno de 30 graus Celsius, explicam os proprietários de Matamatás em fóruns especializados na internet. Elas podem sofrer irritações na pele ou infecções respiratórias se houver muitas substâncias orgânicas dissolvidas em seu novo lar. Uma loja me escreveu para informar que havia Matamatás do Orinoco disponíveis.

Se encontrou um bom dono, a Matamatá do primeiro ninho ainda deve estar viva. Talvez não faça muita coisa, pois não interage frequentemente com os humanos. Alguns Jabutis e Cágados parecem ser capazes de reconhecer pessoas e vir quando são chamados. As Matamatás, na melhor das hipóteses, aprendem a associar as pessoas à comida, de acordo este “guia” para proprietários e possíveis compradores: Mata Mata Turtles Pet Owner’s Guide. Uma das seções inclui algumas das crenças sobre o animal: “As Matamatás são répteis, portanto não sofrem nem sentem dor”.

Sua vida é passada no aquário, idealmente com capacidade para pelo menos 300 galões (1.135 litros) e amplo espaço para que o animal ande, de acordo com comentários nos fóruns. Hoje, a Matamatá teria 9 anos, um período curto para uma tartaruga. Alguns proprietários criam peixes – Tilápias, Barrigudinhos, Carpas, Espadinhas ou Peixinhos-dourados – para alimentá-las com comida viva. Outros tentam acostumá-las a um concentrado para tartarugas vendido em pet shops, o que não é muito recomendado, e algumas, quem sabe, sobrevivem. Na maior parte do tempo elas ficam quietas até que alguém as alimente. Adornam o fundo dos tanques: folhas mortas sem nenhuma árvore ao redor.

Leticia, na fronteira da Colômbia com o Brasil, é um dos pontos de saída das Matamatás raptadas para o tráfico. Foto: Juancho Torres/Anadolu Agency via AFP

II

A Matamatá do segundo ninho é um cadáver. Ela saiu do ovo e morreu em 2015, a caminho de Leticia, mas não se sabe exatamente o motivo. Como a do primeiro ninho, era quase do tamanho de um clipe de papel, tinha a cor de um Salmão e ainda exibia a cicatriz equivalente a um umbigo no meio do plastrão. Chegou a Bogotá em um voo rápido vindo de Villavicencio. Decolou logo em seguida rumo a Leticia. Mas a semelhança entre as trajetórias das duas termina aí. A segunda tartaruga não conseguiu suportar as exigências da viagem. Sua morte, no entanto, resultou em uma revolução para sua espécie.

Em Leticia, a polícia deteve a pessoa que a recolheu. O portador estava transportando a tartaruga de motocicleta, em uma caixa acolchoada e em condições deploráveis. O policial a entregou, juntamente com centenas de outras pequenas Matamatás, à Corpoamazonia, instituição governamental responsável pela regulamentação e proteção da Natureza no sul da Colômbia. As autoridades supunham que os filhotes faziam parte da população local, mas ficaram intrigadas com o fato de terem viajado desde Villavicencio.

Por acaso, um congresso de ictiologia havia sido encerrado pouco tempo antes em Leticia, no dia 19 de junho de 2015. Um dos participantes era Carlos Lasso, biólogo que já tinha trabalhado com Mónica Morales em Vichada, também na Colômbia. Quando Carlos Lasso tinha 14 anos, sua família deixou a Espanha e se mudou para a Venezuela. Em Caracas, Lasso estudou biologia na Universidade Central. Em seguida, fez doutorado em Sevilha, onde sua tese se concentrou nos peixes das planícies de Apure, no oeste da Venezuela. Naquela região, ele coordenou uma estação biológica e conheceu Manuel Sánchez-Villagra, um estudante que pesquisava o gênero de tartaruga Chelus. Como outros naturalistas e pesquisadores antes deles, Lasso e Sánchez-Villagra suspeitavam que existiam duas espécies de Matamatá, pois havia diferenças morfológicas marcantes entre os indivíduos do Orinoco e os da Amazônia. A cor do pescoço, o formato de uma placa da carapaça e a superfície abdominal as distinguiam. As discrepâncias não eram suficientemente marcantes para confirmar que se tratava de duas espécies – pense, por exemplo, nas diferenças morfológicas que existem entre diferentes raças de cães –, mas Lasso e Sánchez-Villagra estavam convencidos de que só precisavam de provas adicionais.

Lasso terminou seu trabalho em Apure e, depois da crise que consumiu definitivamente a Venezuela no final dos anos 2000, se mudou para a Colômbia, onde começou a trabalhar com o Instituto Humboldt. Em parceria com Mónica Morales, em 2013, em Vichada, capturou Matamatás e analisou seus movimentos e suas dietas. Cinco delas foram equipadas com rastreadores e acompanhadas por mais de um ano (as tartarugas se movimentavam muito pouco). Várias outras foram capturadas e forçadas a vomitar para que fosse possível estudar o conteúdo do estômago (que consistia principalmente de peixes e camarões meio digeridos). Quando chegou o momento do congresso, Lasso já sentia um carinho especial pela espécie. Além disso, seu reencontro com a tartaruga despertou outra vez o desejo de demonstrar que as diferenças entre as Matamatás do Orinoco e as da Amazônia não eram apenas superficiais. Para isso, ele havia pedido pouco antes a um estudante da Universidade Nacional da Colômbia, do campus em Leticia, que o ajudasse a obter amostras para análise genética das Matamatás das duas bacias fluviais [do Rio Orinoco e do Rio Amazonas].

Leticia é uma cidade pequena – tem cerca de 50 mil habitantes – e não demorou muito para que o estudante ficasse sabendo da apreensão de tartarugas transferidas à Corpoamazonia. Era madrugada de 20 de junho, um sábado, mas ele sabia que Lasso viajaria de volta a Bogotá naquele mesmo dia e, por isso, não hesitou em ligar. Depois de receber a notícia, Lasso entrou em contato com Susana Caballero, bióloga e professora da Universidade dos Andes, com quem colaborava em estudos de genética. Por coincidência do destino, ela também estava na cidade para o congresso.

Eles se vestiram apressadamente e saíram correndo para ver as tartarugas. Chegaram às 7 da manhã. Havia centenas de Matamatás e a maioria continuava viva. Trinta tinham morrido, inclusive a pequena do segundo ninho. Lasso coletou amostras de tecido desta e das outras carcaças e as entregou a Caballero para análise. De acordo com a polícia, as tartarugas tinham vindo de Villavicencio, mas a história não parecia convincente para Lasso. Por que trazer centenas de tartarugas do Orinoco se era possível consegui-las ali mesmo?

Em seu laboratório na Universidade dos Andes, Caballero e Laura Amaya, uma de suas alunas de pós-graduação, examinaram segmentos de DNA mitocondrial das Matamatás de ambas as bacias. Esse tipo de material genético circular contém muito menos pares de bases de nucleotídeos do que o DNA do núcleo, o que o torna menos informativo – é a diferença entre algumas páginas e um livro inteiro –, mas tem a vantagem de permitir análises mais baratas e mais simples. Apesar do tamanho pequeno dos espécimes, Caballero e Amaya descobriram que havia diferenças marcantes entre os dois tipos de tartarugas, sugerindo que elas eram de fato duas espécies. Para comprovar, teriam que analisar o genoma completo e procurar amostras de todo o continente, mas pelo menos havia um bom ponto de partida. Nesse meio-tempo, compararam o material genético da Matamatá do segundo ninho com o de outras da bacia amazônica. A tartaruga era do Orinoco, disse Caballero a Lasso.

A descoberta confirmou as suspeitas do biólogo. “A lâmpada acendeu”, ele me disse. Os traficantes estavam “lavando” tartarugas. Os elos iniciais da cadeia de tráfico, no Orinoco, saqueavam os ninhos no momento certo – “Eles são mais científicos do que nós”, falou Lasso – e esperavam que os ovos eclodissem ou terminavam de incubá-los em locais especiais. Depois, enviavam as tartarugas recém-nascidas para Bogotá e para Leticia e, finalmente, para criadores de animais no Peru. Era uma forma de aumentar seu estoque para atender à crescente demanda ou, como acredita a Procuradoria-Geral da Nação da Colômbia, uma maneira de oferecer variedade à clientela. (Alguns fóruns de fãs de tartarugas na Internet parecem sustentar essa ideia: pelo menos desde 2004 há conversas discutindo a possibilidade de adquirir a “variedade Orinoco” da Matamatá).

A descoberta de Caballero e Amaya trazia uma complicação adicional. Apesar da ausência de dados, a União Internacional para a Conservação da Natureza havia classificado a Matamatá como uma espécie de “preocupação menor” – em outras palavras, como abundante e sem grande perigo para sua sobrevivência –, em grande parte devido à ampla distribuição de suas populações. Mas se, na verdade, houvesse duas espécies e não apenas uma, a conclusão teria de ser reconsiderada. Ou seja, ainda que a população de Matamatás da Amazônia pudesse estar indo bem, a do Orinoco poderia não estar, ou vice-versa. Novas pesquisas eram necessárias para entender o estágio de conservação da tartaruga, especialmente agora que se sabia que elas estavam sendo traficadas.

Enquanto esses estudos avançavam, a “lavagem” de tartarugas crescia em ritmo acelerado. Na Colômbia, entre 2015 e 2022, mais de 7,5 mil Matamatás foram apreendidas, de acordo com dados coletados pela Wildlife Conservation Society, a WCS. Isso significa que, em geral, milhares de outras teriam chegado ao destino sem serem detectadas pelas autoridades. As exportações do Peru parecem corroborar essa conclusão: aumentaram de 2.514 tartarugas em 2015 para 18.355 em 2018, de acordo com o mesmo relatório da WCS, e totalizaram mais de 70,2 mil indivíduos entre 2014 e 2023, segundo investigação recente do veículo de mídia OjoPúblico sobre o comércio de tartarugas no Peru.

A questão dos números é complexa. Mónica Morales mencionou que a apreensão na qual a tartaruga do ninho dois esteve envolvida, em 2015, não constava dos registros oficiais. Solicitei à Corpoamazonia dados sobre todas as apreensões e os processos de sanção contra pessoas envolvidas no tráfico de Matamatás, por meio de uma petição sob a lei de livre acesso a informações públicas, e, de fato, a apreensão mencionada por Morales não aparece. Os números da Diretoria de Carabineiros e Proteção Ambiental da Polícia Nacional indicam que apenas duas tartarugas Matamatás foram apreendidas entre 2023 e junho de 2024. Até o momento, nenhum dado ou número foi fornecido pela Procuradoria-Geral da Nação da Colômbia.

O tráfico na Colômbia proliferou porque os crimes ambientais não são levados a sério, embora essa visão esteja mudando, de acordo com vários membros de diferentes forças policiais. A Unidade de Investigação de Crimes Contra os Recursos Naturais e o Meio Ambiente, por exemplo, passou de cinco investigadores em 2019 para quase 100 em 2024. A Diretoria de Investigação Criminal e Interpol da Polícia Nacional, por sua vez, inaugurou o primeiro laboratório forense da América Latina para lidar com casos como o das Matamatás, que envolvem não humanos. A cada ano, o laboratório participa de mais de 20 processos de identificação, em situações de tráfico de barbatanas de tubarão, venda de garras de Gavião-real e exportação ilegal de partes do corpo de animais vendidas a pessoas crédulas ou ignorantes como falsos afrodisíacos ou cura para doenças.

Em 2020, Caballero, Lasso, Morales, Amaya e outros pesquisadores de Colômbia, Brasil, Inglaterra e Alemanha conseguiram demonstrar que existem duas espécies de Matamatá: Chelus fimbriata, que habita as bacias dos Rios Amazonas, Essequibo e Mahury, na Guiana Francesa, e Chelus orinocensis, que vive nas bacias do Rio Orinoco e do Rio Negro. A descoberta e o trabalho anterior com o DNA mitocondrial, impulsionado em parte pelo Instituto Humboldt e pela Fundação Omacha, permitiram que várias das tartarugas apreendidas pelas autoridades desde 2015 fossem devolvidas à Orinoquía, em vez de serem libertadas no Rio Amazonas, o que significaria a introdução de uma espécie estranha àquele ecossistema. Milhares delas foram alimentadas com pinças, uma a uma, por pacientes trabalhadores da Fundação Ikozoa Bioparque del Amazonas, que cuidaram das Matamatás – e sofreram suas mordidas – até que um avião da Força Aérea as transportasse de volta ao seu hábitat, em 2020 e 2021. Outros espécimes ainda permanecem nas instalações da Fundação.

Entre 2019 e 2020, Alirio, funcionário da Fundación Ikozoa Bioparque Amazonas, alimentou uma a uma milhares de pequenas tartarugas Matamatá apreendidas no aeroporto de Leticia. Pacientemente, ele tinha que se curvar sobre os tanques e levar pedaços de peixe a elas em pinças, até que os aceitassem. Foto: Santiago Wills

Durante a pandemia, Susana Caballero e Diego Cardeñosa, outro aluno de pós-graduação da Universidade dos Andes que hoje é uma referência mundial em tubarões e identificação genética para questões de tráfico, desenvolveram um protocolo de baixo custo para discernir rapidamente a que espécie de Matamatá uma amostra corresponde. O laboratório da Diretoria de Investigação Criminal e Interpol da Polícia Nacional, o Dijín, agora conta com marcadores genéticos que permitem fazer o mesmo e já respondeu a solicitações de agências como a Corpoamazonia e autoridades ambientais equivalentes em outras áreas (todas as Matamatás avaliadas pertencem à espécie Chelus orinocensis). Os controles foram aumentados em aeroportos, como o de Leticia, e a Wildlife Conservation Society e outras organizações conduziram treinamentos para, por exemplo, melhorar o uso de scanners para encontrar partes de animais selvagens em bagagens.

No fim de 2022, o crescimento do tráfico e o reconhecimento da nova espécie, em parte graças à carcaça da tartaruga do segundo ninho, levaram a Colômbia, o Brasil, a Costa Rica e o Peru a solicitar a inclusão da Chelus fimbriata e da Chelus orinocensis no Apêndice II da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (Cites). As espécies abrangidas por essa classificação não estão necessariamente ameaçadas, mas considera-se que, a menos que o comércio delas seja regulamentado, sua sobrevivência pode estar em perigo. A petição foi aprovada em janeiro de 2023. Isso significa que, em teoria, os criadores de animais no Peru – e em qualquer país do mundo que queira exportar a tartaruga – devem agora cumprir regras rígidas se quiserem continuar com o negócio, que movimenta dezenas de milhões de dólares, de acordo com a investigação do OjoPúblico.

Segundo a Diretoria de Carabineiros da polícia colombiana, entre 2023 e 2024 apenas duas Matamatás foram apreendidas. Isso significa, na melhor das hipóteses, que as diversas iniciativas surtiram efeito, ou, na pior, que os traficantes estão melhorando a camuflagem de seus carregamentos. O otimismo diminui dependendo de a quem você pergunte.

Infográfico: Ariel Tonglet/SUMAÚMA

III

Termina com um som. A Matamatá do terceiro ninho rompeu a casca de seu ovo durante o primeiro semestre de 2015. Ela sentiu a areia da praia em suas garras e provavelmente procurou de imediato o manto do rio. Aprendeu a sugar com força por conta própria e a permanecer estática, como uma rocha, à espera dos peixes e camarões que vivem nas águas dos rios da bacia do Orinoco.

Com o tempo, sua cor mudou do rosa-caranguejo para o marrom-escuro das ervas daninhas em decomposição. Sua carapaça, composta pelo espaldar – a parte superior –, pelo plastrão e por uma estrutura óssea chamada ponte, cresceu vários centímetros por ano até atingir o tamanho da largura de uma caixa de guitarra. Seus olhos pequenos, como cabeças de alfinete, variam em cor do marrom ao amarelo e têm pupilas escuras e redondas. Debaixo d’água, a Matamatá tem ouvidos internos refinados que detectam vibrações e sons de baixa frequência e permitem que fique atenta a predadores que ignoramos. Com as barbatanas sob o queixo, ela sente o cheiro dos peixes que se aproximam e se prepara para abrir sua enorme e sempre sorridente boca para aspirá-los em um só fôlego. Se for igual às Tartarugas-mordedoras ou aos Jacarés, terá poucas papilas gustativas e tanto faz comer um camarão ou uma espécie específica de peixe. Mas pode ser que tenha uma preferência. Os cientistas não têm certeza disso.

Os perigos do tráfico persistem, apesar de tudo o que foi feito para impedi-lo. A qualquer momento, uma pessoa pode aparecer e tirar uma delas de seu leito. A Matamatá levantaria a cauda e soltaria um peido asqueroso, mas aqueles que as capturam devem estar acostumados.

Se a levam, ainda há muitas medidas para protegê-la em falta. A unidade ambiental especializada da polícia não tem funcionários nas saídas aéreas e marítimas do país. Atualmente, as buscas de bagagens ou contêineres de carga que saem dos portos dependem da polícia antidrogas, que não tem ideia sobre a – e não está interessada na – questão do tráfico de animais silvestres, de acordo com fontes da instituição.

Qualquer documento, seja falsificado ou real, que mencione uma tartaruga será suficiente, na maioria das vezes, para que a partida de uma ou mais Matamatás seja aprovada. E isso não é condenável: as autoridades não têm nem o conhecimento nem o treinamento para diferenciar uma Hicotea (Trachemys callirostris) de uma Matamatá ou de uma Tartaruga-de-pente. Policiais especializados são necessários nos portos fluviais, terrestres e aéreos para poder avaliar os embarques de animais silvestres (e de madeira, outra questão ambiental preocupante). Também faltam recursos para o laboratório da Diretoria de Investigação Criminal e Interpol da Polícia Nacional, por exemplo, e mais apoio às comunidades onde a Matamatá é encontrada (o tráfico geralmente nasce da necessidade, não da simples maldade). “É como as drogas”, diz Carlos Lasso. É preciso romper o mercado, de alguma forma.

A tartaruga Matamatá tem vários tubérculos ou protuberâncias carnudas no pescoço que, embaixo d’água, se assemelham a vermes. Ela os utiliza para atrair suas presas. Foto: Cyril Ruoso/Biosphoto via AFP

O principal, no entanto, é ampliar o trabalho de pesquisa sobre a espécie. Ignoramos questões básicas sobre a vida das tartarugas, que poderiam nos ajudar a protegê-las. Na verdade, nem sequer sabemos o nível de ameaça que a Matamatá enfrenta. Tudo isso quer dizer que o tráfico pode continuar ou, se estiver parado, pode ser retomado a qualquer momento, a menos que sejam criadas estratégias de longo prazo.

Hoje, se não tiver sofrido nenhum infortúnio, a Matamatá do terceiro ninho terá mais de 9 anos, e portanto terá atingido a maturidade sexual. Se for uma fêmea, porá de oito a 28 ovos por ano. Se for macho, procurará uma companheira. A vida passa rapidamente, cada hora é equivalente a alguns minutos nos quais não acontece muita coisa para nós. Todos os animais percebem o tempo de modo diferente. Nossa visão faz com que ele pareça mais lento ou mais rápido. Uma maneira de medir isso é por meio da Frequência Crítica de Fusão Ocular (FCFO), a velocidade máxima na qual podemos discernir se uma fonte de luz é constante ou composta de diferentes feixes ou flashes. Uma mosca comum tem uma FCFO de 250, ou seja, ela é capaz de reconhecer quando uma fonte de luz pisca ou cintila 250 vezes por segundo. Em contrapartida, um ser humano percebe a luz como constante quando ela pisca mais de 60 vezes por segundo. Para as moscas, então, as ações ao seu redor ocorrem muito mais lentamente do que para os humanos (daí a dificuldade de golpeá-las: as mãos que acreditamos estarem se movendo rapidamente na verdade avançam a passos de tartaruga pelo ar). Algo parecido acontece com os pombos, que têm uma FCFO de 77; os cães, 80; e os macacos, 95.

A FCFO de uma tartaruga marinha, o único tipo de tartaruga sobre o qual existem dados experimentais, é de 15. A menos que exista uma variação surpreendente, o número para as Matamatás deve ser semelhante. Isso significa que o tempo para nossa tartaruga nascida no terceiro ninho, em termos humanos, passa a toda a velocidade. Nossos dias são horas e nossos minutos são segundos. O que nós perceberíamos em um ano ocuparia o espaço de alguns meses para a Matamatá.

Paradoxalmente – ou talvez não –, isso significa que elas vivem uma vida muito mais tranquila do que a nossa. Em um número de anos semelhante aos nossos, elas experimentam menos estímulos, porque percebem menos, visualmente. Se não somos capazes de distinguir o bater individual das asas de uma libélula, uma tartaruga não consegue sequer ver o inseto cruzando seu campo de visão.

Essa calma se enquadra no seu metabolismo. A frequência cardíaca máxima das tartarugas marinhas é de cerca de 40 batimentos por minuto, a das tartarugas de Galápagos é de seis a oito, e algumas tartarugas norte-americanas podem reduzir sua frequência cardíaca para um batimento por minuto, durante seus períodos de hibernação. Ninguém mediu a frequência cardíaca de uma Matamatá, mas é provável que ela também seja baixa. Parece não haver razão evolutiva alguma para que isso seja diferente.

Assim, em algum riacho da bacia do Orinoco, nossa tartaruga do terceiro ninho espera debaixo d’água entre as folhas, camuflada em raízes ou enterrada na lama. Ela percebe um mundo diferente, rápido e ao mesmo tempo lento. Quando uma presa se aproxima, ela se ativa: um dragão que desafia o tempo.

A face da Matamatá é inconfundível: sua enorme boca parece congelada em um sorriso perene, sob um par de olhos dourados e um nariz que mistura a forma de um snorkel com o focinho de um porco. Foto: Luquet M./HorizonFeatures/Leemage via AFP

Esta reportagem faz parte da série especial “Tartarugas raptadas: o obscuro negócio do tráfico de animais na América do Sul”, coordenada pela Asociación Consejo de Redacción (CdR). O projeto foi concretizado graças ao apoio da Earth Journalism Network (EJN).


Reportagem e texto: Santiago Wills
Edição de fotografia: Lela Beltrão
Checagem: Douglas Maia
Revisão ortográfica (português): Valquíria Della Pozza
Tradução para o inglês: Charlie Coombe
Tradução para o português: Paulo Migliacci
Montagem de página e acabamento: Natália Chagas
Coordenação de fluxo de trabalho editorial: Viviane Zandonadi
Editora-chefa: Talita Bedinelli
Diretora de Redação: Eliane Brum

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