Jornalismo do centro do mundo

Jovens indígenas de diferentes povos na primeira marcha do Acampamento Terra Livre 2023, que teve como uma das pautas o enfrentamento dos projetos de lei anti-indígenas que tramitam no Congresso. Foto: Matheus Alves/SUMAÚMA

Principal evento anual que mostra nuances da luta indígena no Brasil, o Acampamento Terra Livre (ATL), em sua 19ª edição, em 2023, reuniu coletivos da juventude indígena de diferentes povos que se organizam para reivindicar ao governo federal políticas públicas específicas para os jovens. Uma das principais demandas é a criação de uma Secretaria Especial de Educação Indígena dentro do Ministério da Educação (MEC), seguindo um modelo semelhante ao que já existe no Ministério da Saúde. Os estudantes indígenas reclamaram dos preconceitos que sofrem e das inúmeras dificuldades para conseguir concluir a vida acadêmica em precárias moradias estudantis, sem uma política de apoio federal ou estadual. A onda de contaminação por mercúrio devido à exploração do garimpo em terras indígenas, que atinge também de forma cruel as crianças, é outro foco de preocupação da juventude, que luta para preservar as futuras gerações nas aldeias.

Samela Sateré Mawé, jovem ativista, influencer e comunicadora que coordenou a comunicação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) no 19º Acampamento Terra Livre. Samela também é colaboradora de SUMAÚMA. Foto: Matheus Alves/SUMAÚMA

Em vários coletivos – de comunicação, audiovisuais, de educação, LGBTQIAPN+– , os jovens indígenas desenvolvem trabalhos de “força identitária”, para que as novas gerações compreendam os significados de sua cultura e respeitem a ancestralidade. Essa juventude é atuante no debate político sobre a demarcação de terras indígenas, que considera fundamental para assegurar o seu próprio futuro e o de seus parentes. O ATL 2023 procurou, também, debater de forma transparente a questão LGBTQIAPN+ no movimento indígena. Indígenas trans, bissexuais e travestis fizeram relatos sobre preconceitos sofridos dentro das próprias aldeias e pediram o fim da violência e do racismo.

Alice Pataxó (à esq.), jovem influencer que é referência para a juventude indígena, e Mara Barreto Sinhosewawe Xavante (à dir.), outra voz forte da nova geração. Fotos: Fernando Martinho/SUMAÚMA

Ana Cieide Karu pinta com tinta de jenipapo o rosto de Kauane Kaba Munduruku, pela manhã, no terceiro dia do Acampamento Terra Livre, em Brasília. Povos indígenas decretaram emergência climática durante o encontro. Foto: Fernando Martinho/SUMAÚMA

Rodrigo Koegado Boe Bororo, jovem indígena LGBTQIAPN+, na 1ª marcha do Acampamento Terra Livre 2023, com a pauta de enfrentamento dos projetos de lei anti-indígenas que tramitam no Congresso. Foto: Matheus Alves/SUMAÚMA

Tukumã Pataxó, comunicador e youtuber indígena, da equipe de comunicação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), registra a primeira marcha do Acampamento Terra Livre 2023, que teve como pauta o enfrentamento dos PLs anti-indígenas. Foto: Fernando Martinho/SUMAÚMA

Primeira ballroom indígena do Brasil, no Acampamento Terra Livre 2023, que contou também com a presença da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). Ballroom é uma espécie de baile, uma cena ligada às culturas LGBTQIAPN+ e negra, que se originou nos Estados Unidos. O objetivo é a expressão livre dos corpos, de forma autônoma. Foto: Matheus Alves/SUMAÚMA

A jovem indígena Itocovy Pataxó Hã-hã-hãe ilustra painel com grafismo indígena no segundo dia do 19º ATL. Foto: Matheus Alves/SUMAÚMA

Thaline Karajá, ativista ambiental, cantora e atriz indígena. Foto: Fernando Martinho/SUMAÚMA

Jovens do povo Xokleng durante a plenária ‘Juventude Indígena na Luta pelo Fortalecimento Identitário’. O grupo já existe há cinco anos e se envolve diretamente no debate sobre o marco temporal, que afeta a demarcação das terras indígenas. Essa faixa foi segurada pelo presidente Lula no último dia do ATL, quando assinou a demarcação de seis terras indígenas. Foto: Matheus Alves/SUMAÚMA

Marciely Ayap Tupari, atual coordenadora-secretária da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Foto: Fernando Martinho/SUMAÚMA

Jovem indígena tatuou em seu corpo a expressão ‘Abya Yala’, usada pelos povos originários para defender seus territórios e a autodeterminação. Na língua Kuna, ela significa ‘terra viva’, ‘terra madura’, ‘terra em florescimento’. Os jovens utilizam a expressão ‘corpos-território’ para defender o reconhecimento das terras. Ao seu lado, mulher indígena usa máscara de gás com filtros acoplados a vaso de plantas na marcha em que povos indígenas decretaram emergência climática. Foto: Matheus Alves/SUMAÚMA

Revisão ortográfica (português): Elvira Gago
Tradução para o espanhol: Meritxell Almarza
Tradução para o inglês: Mark Murray
Edição de fotografia: Marcelo Aguilar, Mariana Greif e Pablo Albarenga
Montagem da página: Érica Saboya

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