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Edição 37 |
sexta-feira, 05 abril, 2024 |
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Nossa Voz
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Marielle: a quem se destina a terra?
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Eliane Brum
Altamira, Rio Xingu, Amazônia
“Quem possui a terra possui o homem.” Essa frase do abolicionista André Rebouças (1838-1898) foi lembrada por Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, em suas redes sociais, quando os suspeitos de ordenar o assassinato de Marielle Franco foram finalmente revelados e presos. Realidade no Brasil do Império, a sentença de Rebouças permaneceu e se atualiza no Brasil de agora. Ela é determinante para compreender por que as perguntas “Quem mandou matar Marielle? E por quê?” ficaram suspensas sobre o país por mais de seis anos. Só exatos 2.202 dias depois, em 24 de março, um domingo, a Polícia Federal prendeu como mandantes os irmãos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, e Chiquinho Brazão, deputado federal – eleito pelo União Brasil, ele foi expulso do partido depois da prisão. Também foi detido Rivaldo Barbosa, chefe da polícia do Rio de Janeiro na época da morte, suspeito de ser mentor intelectual do crime e responsável pela obstrução das investigações.
O motivo da execução: como vereadora, Marielle estava atrapalhando a apropriação ilegal de terras no Rio de Janeiro, apontada como um dos negócios da família Brazão e das milícias que dominam vastas porções do território. Na mais emblemática cidade do Brasil, Marielle morreu pelo mesmo motivo da execução de uma longa – e contínua – lista de lideranças na Amazônia, entre elas Chico Mendes (1944-1988) e Dorothy Stang (1931-2005).
A quem pertence a terra e qual é a sua destinação são as questões que fundaram o Brasil e atravessaram mais de cinco séculos de genocídios e destruição avassaladora da natureza. Com o fortalecimento da extrema direita, hoje representada pelo bolsonarismo, o impasse se atualiza e se radicaliza. Os fios que revelam os envolvidos no assassinato de Marielle apenas começaram a ser puxados. Espera-se que exista coragem política para chegar até o fim das entranhas desse crime que, ao final, revelam as entranhas de um país. |
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