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Sumaúma: Jornalismo do Centro do Mundo
EDIÇÃO 08
terça-feira, 10 janeiro, 2023
Sem anistia para Bolsonaro e seus terroristas
Querida Comunidade Sumaúma,

Respiramos. Por uma semana. E os terroristas de Jair Bolsonaro invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, enquanto o chefe fugiu e se escondeu na Flórida, nos Estados Unidos. Nós, de SUMAÚMA, sempre repetimos que, vencida a catástrofe, enfrentaríamos o muito difícil. Respiramos, sim, quando Luiz Inácio Lula da Silva subiu a rampa ao lado de Raoni, a maior referência indígena no Brasil, assim como outres representantes das minorias que foram massacradas nos últimos 4 anos de bolsonarismo. Não poderia haver melhor simbologia para o novo momento do Brasil. Respiramos, sim, mas sem desfazer nossa posição de luta. É imperativo que Bolsonaro volte ao país, para ser julgado e preso por seus crimes. E para que cada um dos criminosos que tentaram dar um golpe no domingo, 8 de janeiro de 2023, sejam identificados, encontrados, julgados e punidos. Em seu primeiro discurso após a tentativa de golpe, o presidente Lula sugeriu que havia garimpeiros e madeireiros da Amazônia envolvidos nos atos de terrorismo. É só olhando para a Amazônia que conseguimos entender o Capitólio brasileiro.

Nós lutamos muito no campo do jornalismo para que Bolsonaro fosse derrotado dentro do processo democrático que ele tanto violou. Mas sabemos que a guerra movida contra a natureza continua e que, depois da justa euforia, viria o mais difícil. E veio. E haverá muitas outras batalhas, inclusive entre as forças internas do próprio governo. Jonathan Watts e Talita Bedinelli prestaram muita atenção nas promessas de Lula feitas nos discursos durante a cerimônia da posse. O compromisso de SUMAÚMA com nossa comunidade de leitores é acompanhar, fiscalizar e cobrar o cumprimento de cada uma delas.

Ser jornalista é documentar a história em movimento. Há muito não havia um movimento tão fascinante quanto a chegada das indígenas ao poder central. Não como apoiadoras, mas em postos estratégicos de comando. Para contar a história das histórias deste momento, SUMAÚMA conta com Letícia Leite. Até esta edição, Letícia estava nos bastidores, comandando a Rádio SUMAÚMA – nosso galho forte na oralidade, uma parceria com a Rede Wayuri de Comunicadores Indígenas, um podcast apresentado por 2 jornalistas da floresta: Elizângela Baré, indígena de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, e Maickson Serrão, ribeirinho da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, no Pará.

Nesta edição, Letícia Leite mostra por que é uma das jornalistas que mais compreende a nova geração de indígenas no Brasil.
Sua crônica política sobre os “babados” dos bastidores deste movimento tem frescor, sem perder a densidade. É crônica de quem não sobrevoa, ao contrário, vê do chão e vê há pelo menos 13 anos. Também é assinada por Letícia a linda entrevista com a parentíssima Célia Xakriabá (Psol), deputada federal que promete fazer borduna de sua poética no Congresso Nacional. As mulheres indígenas no poder são o destaque desta oitava newsletter, a primeira de 2023.

Para quem está de férias – e para quem não está –, a editora Talita Bedinelli preparou uma lista de 10 filmes (quase todos documentários) para começar a conhecer a Amazônia ou para mergulhar na floresta que ainda regula o clima apesar de todos os ataques desferidos contra ela. Talita teve o cuidado de só colocar obras que sejam acessíveis aos leitores e indicar onde encontrá-las. Cada um deles o trará para mais perto da maior floresta tropical do planeta.

Entre 6 de dezembro, data da nossa última newsletter, e hoje, nós cumprimos nossa promessa de entregar pelo menos uma reportagem ou artigo para nossa comunidade. Estamos incluindo estes textos nesta newsletter. Dou destaque especial para um artigo que escrevi com Jonathan Watts, para mostrar o que está em jogo quando Ronaldo ex-Fenômeno e jogadores da seleção brasileira comem ouro. A Copa do Mundo já parece tão longe, mas a destruição provocada pela mineração do ouro está bem presente – e parar de comprar joias de ouro é uma campanha permanente de SUMAÚMA.

É preciso dizer que estamos de luto desde a madrugada do primeiro dia de 2023. Joaquim Melo, o inventor da menor maior livraria do mundo, anunciado na newsletter anterior como nosso novo colaborador, partiu. Passou mal dias antes, seu coração infartou sem aviso, e ele lutou muitos dias no hospital. Joaquim tinha muito pelo que viver. Penso que, quando entendeu que não seguiria abrindo sua mágica Banca do Largo, na praça central de Manaus, meu amigo lutou para morrer com o Brasil sob nova administração. Repetimos nesta newsletter sua primeira colaboração, que ele fez com um carinho tão imenso quanto seu conhecimento: uma lista de 10 livros para (começar) a conhecer a Amazônia. E te convidamos para penetrar nesta floresta de letras.

Temos muitos sonhos e pensamos que sonhos servem para existir como realidade que muda realidades. Temos muita imaginação – e acreditamos que imaginar é um instrumento poderoso para criar futuros. O que sonhamos e imaginamos vocês acompanharão nas próximas edições. Esperamos que se juntem à nossa comunidade, caso não tenham feito, e participem mais, caso já estejam com a gente. Em dezembro, fizemos os 2 primeiros encontros online com nossa comunidade. Foi lindo. Pelo menos, nós achamos. Prometemos criar mais espaços de participação ao longo do ano, promessa que vocês devem acompanhar, fiscalizar e cobrar.

2023 será também o que imaginaremos para 2023. Nós seguiremos lutando em pé, como floresta. E usando a alegria como potência de agir.

Eliane Brum
Sem anistia para Bolsonaro e seus terroristas
Governo investiga se destruidores da Amazônia financiaram tentativa de golpe de Estado
Já existem indícios de que a tentativa de golpe tenha entre seus patrocinadores pessoas ligadas às atividades predatórias da floresta, descontentes com a vitória de Lula. SUMAÚMA confirmou nesta segunda-feira que o governo trabalha com essa linha de investigação. Golpistas detidos afirmaram em depoimento à Polícia Federal que despesas de viagem foram pagas por pessoas de Rondônia, Pará e Mato Grosso, estados da Amazônia Legal.
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Para entender por que os golpistas têm medo de Lula 3, olhe para a Amazônia
Olhar com atenção os planos ambiciosos do novo governo para proteger a floresta amazônica e outros biomas, como o Pantanal e o Cerrado, é essencial para entender o caos coreografado que eclodiu em 8 de janeiro em Brasília. O ataque terrorista dos bolsonaristas só pode ser compreendido a partir de múltiplos fatores, mas a nova abordagem da crise climática é particularmente simbólica. Uma vez compreendida a importância histórica dessas propostas, fica mais fácil identificar por que há poderosos interessados em manter seus privilégios e que se sentem tão ameaçados a ponto de instigar a invasão violenta e a destruição do Planalto, do Congresso e da Suprema Corte.
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Choquei, Parente! O Brasil tem uma ministra indígena
Em Choquei, Parente, Letícia Leite conta os bastidores, as costuras e as cenas que levaram as mulheres indígenas ao poder central pela primeira vez em 500 anos. O título remete à página na internet que é a fonte de “babados” indígenas do momento: fofoca, memes e luta. Se você não está no Brasil 2023, te explico que “parente” é a palavra escolhida pela atual geração de indígenas no Brasil para chamar quem reconhecem como indígenas. Todo mundo é parente, exceto quem não é. Desde que a República foi proclamada, há mais de 130 anos, é a primeira vez que uma indígena se torna ministra. Esta reportagem explica como isso aconteceu.
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Célia Xakriabá: ‘O Congresso não vai mais ser cinza, ele vai ter a nossa cor: jenipapo e urucum’
Célia Xakriabá recebeu a equipe de SUMAÚMA no dia 3 de janeiro, no Ministério dos Povos Indígenas. Ela compareceu à posse de Luiz Inácio Lula da Silva, de ministras e ministros afinados com as causas indígena e climática, ecoou seu canto e poesia no primeiro dia informal de trabalho de Joenia Wapichana na presidência da Funai e ajudou a ministra Sonia Guajajara a receber os parentes que chegavam de todo o Brasil com demandas e curiosidades sobre o novo ministério. Célia sabe da potência do momento. E de sua delicadeza: os indígenas finalmente ocupam o poder central em cargos estratégicos – e as protagonistas são mulheres. Esta entrevista belíssima mostra por que Célia é conhecida como uma criadora de palavras.
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Dez filmes para (começar a) entender a Amazônia
Culturas apagadas, povos perseguidos, árvores destruídas, tentativas de dominar a floresta. Reunimos uma pequena amostra de um mundo de estragos – e belezas – amazônicas.
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A UE, maior desmatadora do planeta, cria ferramenta para proteger a Amazônia de seus consumidores
Em artigo exclusivo para SUMAÚMA, Marie Toussaint, vice-presidente do Grupo Verde no Parlamento Europeu e precursora da nova política para um comércio livre de desmatamento, conta como as novas exigências da União Europeia podem afetar a maior floresta tropical do planeta.
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‘Bife de ouro’, o mau exemplo de Ronaldo para o mundo
Comer bife folheado a ouro como fizeram, no Catar, o ex-fenômeno Ronaldo e os jogadores da seleção brasileira Éder Militão e Vinícius Júnior é errado de muitas maneiras diferentes. Mas aponta com exatidão o impasse do momento que vivemos. Que sejam brasileiros a protagonizar essa cena não é uma coincidência, já que o Brasil está no centro do destino da Terra. Lar de 60% da floresta amazônica e de outros biomas de importância global, o Brasil pode levar o planeta à catástrofe ou determinar uma mudança para uma direção que dá prioridade à vida — e não aos mercados. Essa escolha dependerá em grande parte do consumo de ouro e de carne: separados, eles são ruins; juntos, são uma receita para a destruição.
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Impactos da Amazônia no gelo da Antártida e outras histórias
Um resumo em tópicos de algumas das melhores reportagens sobre a floresta tropical.
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