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Sumaúma: Jornalismo do Centro do Mundo
Edição 30
sexta-feira, 24 novembro, 2023
O que Taylor Swift tem a ver com a exploração de petróleo
Eliane Brum, rio Xingu, Altamira/Pará, Amazônia brasileira
Semeadora e diretora de SUMAÚMA

A morte de Ana Clara Benevides no show de Taylor Swift escancarou a alienação coletiva que está nos levando a dias cada vez piores. A estudante de psicologia partiu de Rondonópolis, na Amazônia brasileira, para realizar o sonho de ver a artista ao vivo no show de 17 de novembro, no Rio de Janeiro. Ana só viu a primeira música do show. Na segunda desmaiou, logo estaria morta, possivelmente pelo calor extremo. Naquela noite, a sensação térmica no estádio beirava os 60 graus Celsius, na oitava onda de calor do ano no Brasil. Se é aterrador uma jovem mulher morrer de calor num show noturno, é igualmente aterradora a reação de autoridades, do público e de parte da imprensa. Revela uma desconexão perigosa com a realidade.

Primeiro, a reação dos fãs ao serem informados de que o show do sábado seria adiado pela previsão de ser o dia mais quente do ano. É claro que eles deveriam ter sido avisados antes pelos organizadores, mas deixar de compreender que uma pessoa morreu possivelmente de calor, outras mil desmaiaram e a segunda noite poderia ter desfechos ainda piores, talvez para eles mesmos, é assustador. Várias frases nas matérias da imprensa começavam por: “Eu sei da crise climática, mas…”. Não, não sabem. Se soubessem, perceberiam que já perderam muito mais do que um show devido ao aquecimento global – e que perderão muito, mas muito mais, não num futuro distante, mas amanhã.

O que está acontecendo não é uma fase passageira, mas a corrosão da vida. E não vai parar a não ser que os jovens que foram aos shows passem a se mover, como fazem os ativistas climáticos urbanos inspirados por Greta Thunberg e os ativistas climáticos dos povos originários, Quilombolas e de comunidades tradicionais dos vários biomas pelo planeta. Perder um show é mínimo. Deixar de perceber isso é sintoma de alienação profunda.

(Excepcionalmente, esta newsletter foi publicada na sexta-feira (em vez de quinta), para aguardar o primeiro plano estratégico da Petrobras no governo Lula)
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