Nossa Voz
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Depois da catástrofe, o muito difícil. Mas com ar
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Jair Bolsonaro foi derrotado e nós, da equipe SUMAÚMA, celebramos, em nome da Amazônia e dos povos-floresta, que ganham um pouco de fôlego para se regenerar. Fizemos um enorme esforço para lançar esta plataforma trilíngue antes das eleições, porque queríamos dar nossa pequena contribuição, no campo do jornalismo, a este momento crucial do Brasil, da floresta e das próximas gerações. Se conseguimos, foi graças ao seu apoio.
O mais importante, agora, é voltar a reimaginar, juntes, o Brasil que queremos. Levamos a Lula as vozes dos povos originários e das populações tradicionais, na série Natureza no Planalto. Começamos pelos indígenas e seguimos com quilombolas, ribeirinhos, camponeses e lideranças dos movimentos sociais de cidades amazônicas. Suas vozes foram nossa primeira publicação após a eleição porque entendemos que são os povos-floresta que falam primeiro. Com essa escolha, SUMAÚMA marca sua posição política. |
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Natureza no Planalto
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Lula, escute os indígenas
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Os povos-natureza têm pressa e demandas urgentes. Cabe a Lula, e às forças do amplo arco de alianças que tornaram possível sua eleição, escutá-los. Foram elas e eles, afinal, que colocaram e seguem colocando seus corpos para proteger a Amazônia do ataque mais brutal desde a ditadura empresarial-militar. Elas e eles têm voz, o que lhes têm faltado são ouvidos que os escutem. Em seu discurso da vitória, o presidente eleito afirmou: “O Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo nossos biomas, sobretudo a floresta amazônica.” A promessa só será cumprida se os povos originários forem protagonistas no novo governo. “Para mim, o primeiro ato que o presidente Lula tem de assumir é demarcar todos os territórios indígenas e retirar os invasores e toda a mineração ilegal de dentro das nossas terras”, diz Txai Suruí, uma das ativistas ouvidas nesta edição. |
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Natureza no Planalto
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Lula, escute os quilombolas e os ribeirinhos
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Se os povos originários encontram muitos ouvidos fechados no Brasil, as populações tradicionais não indígenas da floresta encontram muito mais. Quilombolas e ribeirinhos são ainda mais invisibilizados que os indígenas, especialmente depois de um governo que colocou um negro que ironizava o racismo na Fundação Palmares. A instituição responde pela elaboração de políticas públicas para os descendentes de escravizados. “Com muita urgência, precisamos da retomada da [Fundação] Palmares para as mãos do povo preto. É quem vai pensar e construir uma política afirmativa para este país”, diz Josilana Santos, ativista quilombola do Amapá. Em seu discurso de vitória, quando foram assumidos compromissos fortes com a Amazônia e seus povos, Lula estava cercado por uma maioria branca e um número maior de homens. A composição étnico-racial e de gênero precisa mudar nos próximos anúncios da divisão de poder, para que o discurso possa de fato se tornar realidade. |
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ReXistência
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Para desintoxicar de Bolsonaro, lute como floresta. Para ajudar Lula a fazer o certo, lute como floresta
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É preciso romper com o sequestro de nossa subjetividade. Estamos presos ao bolsonarismo e seu cotidiano de sobressaltos e abusos. Estamos conectados ao horror bolsonarista como o refém a seu sequestrador, porque fomos mesmo reféns. E porque foi a forma que muitos de nós encontramos para sobreviver ao impossível. Para que a pequena janela de possibilidade que se abre com a derrota do presidente fascista vire horizonte, precisamos nos mover não mais em contraposição ao bolsonarismo, e sim numa relação radical com a vida. Estamos em guerra, e não é entre nós e os bolsonaristas. É uma guerra entre a minoria que, como diz Davi Kopenawa Yanomami, comeu o planeta, e a maioria que já está vivendo em um planeta mais hostil.
Não há escolha entre lutar e não lutar. Mas há, sim, escolha em como lutar. Lutemos como floresta, agarrando-nos às brechas de vida para fazer delas horizonte, usando a alegria como instrumento de resistência, imaginando o país onde queremos viver. Ocupando, como faz a natureza, todos os espaços vazios, encontrando o último sopro de vida na terra arrasada e renascendo, sabotando os agentes da morte dia após dia pela afirmação da vida. |
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DIÁRIO DE GUERRA
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A vida no Bolsonistão
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Altamira se tornou um dos principais centros do Bolsonistão. Se esta cidade paraense — uma das campeãs em desmatamento da Amazônia — fosse o Brasil, Bolsonaro teria vencido no primeiro turno. Neste momento, há um grupo de manifestantes acampados em frente ao 51º Batalhão de Infantaria de Selva, que fica no limite da cidade, pedindo uma “intervenção” – leia-se golpe militar. Em frente ao batalhão, há várias churrasqueiras a pleno vapor. A churrascada era promessa caso Bolsonaro fosse eleito presidente. Com a derrota, a carne que falta na mesa de milhares de pessoas nas periferias de Altamira está sendo usada para agregar “simpatizantes” em torno do protesto golpista. |
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SUMAÚMA na imprensa
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Guariba: Um grito de esperança pós-eleitoral
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SUMAÚMA vem abrindo espaço desde que estreou em 13 de setembro em três idiomas: é um dos 30 projetos de comunicação da América Latina selecionados para a terceira edição do Desafio de Inovação da Google News Initiative (GNI). Os recursos do GNI serão usados para criar o laboratório “Muvuca de Novos Jornalismos”, que começará, a partir do ano que vem, pelas comunidades do Médio Xingu. Vamos selecionar jovens da floresta e das periferias urbanas para um processo de co-formação em busca de novas maneiras de contar histórias reais.
Em outubro, a revista Time publicou uma análise a partir da perspectiva de SUMAÚMA, escrita por Eliane Brum e Jonathan Watts, sobre o significado das eleições no Brasil para a Amazônia e o planeta. Desde o nosso lançamento, fomos também destaque no noticiário nacional e internacional e uma de nossas reportagens é finalista do 4º Prêmio Livre.jor. Além de estar disponível para leitores de língua espanhola e inglesa, SUMAÚMA também está chegando a leitores franceses. |
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