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Sumaúma: Jornalismo do Centro do Mundo
EDIÇÃO 06
Em nome dos povos não humanes
Querida Comunidade SUMAÚMA,

Chegamos à sexta edição da nossa newsletter, felizes por ter plantado com vocês as sementes de um jornalismo que conta histórias reais a partir da Amazônia e dos povos-floresta. Indígenas, quilombolas, ribeirinhos… e para nós, de SUMAÚMA, é impossível pensar a floresta sem incluir a perspectiva não humana. Plantas, aves, répteis, anfíbios, peixes, fungos, insetos, seres vivos que jamais são escutados, mas que ajudaram a criar o que hoje chamamos de Amazônia. Para mostrar como pode ser uma democracia que acolha os direitos da natureza, convidamos cientistas renomados para representar as outras espécies em suas justas reivindicações ao presidente eleito Lula. São elas que, em constante intercâmbio, mantêm a floresta viva e regulando – ainda – o clima do planeta. Precisamos escutá-las não por altruísmo, mas para sobreviver.

Também mostramos nesta edição o impasse vivido na Amazônia. Enquanto na COP27, no Egito, os povos originários exigiam a demarcação de 100 milhões de hectares de floresta para enfrentar o colapso climático, nas ruas de Boa Vista, capital de Roraima, uma mulher do povo Yanomami foi assassinada com 2 tiros na cabeça. Tudo indica que ela morreu apenas por uma razão: ser indígena.

A violência contra os Yanomami é detalhada por Davi Kopenawa, líder político e xamã, numa entrevista exclusiva feita pela indigenista e antropóloga Ana Maria Machado. Davi expressa alívio com a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, mas está atento aos compromissos que ele assumiu com os povos originários, gravemente afetados por decisões de governos anteriores do PT, como a construção de Belo Monte. “Lula está mais velho, talvez tenha se tornado mais sábio. Antes, ele errou, mas agora talvez esteja pensando corretamente. Não quero que nos engane novamente”, diz.

Boa leitura!
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Lula, escute as pessoas não humanes
Sem a ação dos fungos e de tantas outras espécies, das quais algumas só existem em determinadas regiões, a floresta amazônica não existiria. A maioria das espécies de fungos, porém, pode desaparecer antes mesmo que possamos conhecê-las. Com o desmatamento acelerado promovido por humanos, o macaco zogue-zogue, que mal acaba de ser identificado pela ciência, também está perto do fim. Assim como o jacamim-de-costas-escuras, uma ave que vive entre o Pará e o Maranhão. Outras espécies únicas também somem, como a colorida borboleta Prepona narcissus, que vive na copa das mais altas árvores da floresta, mas se torna presa fácil após as queimadas, em que tudo vira cinza. Neste terceiro capítulo da série “Natureza no Planalto”, cientistas falam em nome das pessoas não humanas que garantem a vida da floresta mas estão muito perto da extinção. Como porta-vozes, reivindicam por elas participação no governo Lula.
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“Para mim, a expressão 'mudança climática' significa 'a vingança da Terra'”
Davi Kopenawa, líder político Yanomami que integra a equipe de transição do governo Lula, defende que o primeiro ato do presidente eleito deve ser a expulsão dos invasores da Terra Indígena Yanomami. “Eu não estou dizendo isso sem razão, mas sim porque estamos vivendo o caos. [...] Eles estragaram as cabeceiras dos rios que nascem em nossas serras. Aqueles de nós que vivem perto do garimpo estão sofrendo, passando fome. Eles trouxeram armas pesadas e aliciam os jovens. Usam drogas e comem as vaginas das mulheres Yanomami. Os garimpeiros não param de chegar”, denuncia. Em entrevista exclusiva, feita na língua Yanomam, Davi conta como a política xamânica influenciou na vitória de Lula. E alerta: “Quando você [Lula] discursou, eu o escutei. [...] Que seja verdade o que você disse em reunião, que caso se tornasse presidente novamente iria proteger os povos indígenas. Lula, não comece trabalhando nas terras dos brancos primeiro. Antes, retire os garimpeiros da nossa terra”.
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COP27: os guardiões da floresta amazônica exigem a demarcação de 100 milhões de hectares
As guardiãs e os guardiões da floresta amazônica exigiram a titulação e a posse para os povos indígenas de 100 milhões de hectares para proteger a bacia amazônica. Durante as 2 semanas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP27), em Sharm el-Sheikh, no Egito, as vozes de mulheres e homens, adultos e jovens, exigiram demarcação e autonomia para seus territórios. Exigiram também mais participação, justiça e financiamento climático. Reivindicaram que uma próxima conferência seja realizada na Amazônia – mas não a partir de uma visão “europeizada” e colonialista.
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Quando se inicia um assassinato?
Na noite de 11 de novembro, uma mulher Yanomami, mãe de um bebê, foi assassinada à queima-roupa na cidade de Boa Vista, em Roraima. Foram 2 tiros na cabeça. Ela dormia na rua com os parentes, às vésperas de voltar para sua comunidade, na Terra Indígena Yanomami. Seu assassinato, porém, se iniciou bem antes, nos anos 1970, durante a ditadura empresarial-militar, quando a estrada Perimetral Norte rasgou o território onde viviam seus antepassados e determinou o fim do mundo para o seu povo. Começou quando mais de 20% da população de seu grupo, os Ỹaroamë, morreu por doenças infecciosas levadas pelos trabalhadores da estrada. De lá para cá, os sobreviventes se tornaram nômades, vagando por estradas e ruas de Roraima.
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Brasil na COP27, o Ministério dos Povos Originários e uma rede de crimes na Amazônia

Um resumo em tópicos de algumas das melhores reportagens sobre a floresta amazônica

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