Querida comunidade,
O genocídio Yanomami, que SUMAÚMA denunciou em 20 de janeiro, precisa ser chamado do que é: genocídio. Nomear é o primeiro passo para que os autores sejam julgados e responsabilizados. Os dados que apuramos apontam para 570 crianças com menos de 5 anos mortas durante o governo Bolsonaro por causas evitáveis: diarreia, desnutrição, malária, verminoses etc.. Quase certamente é bem mais, porque o território sofre também um apagão estatístico. Isso não é fatalidade, não é tragédia, não é drama. É genocídio.
Para esse crime, há leis no Brasil e no sistema penal internacional. Jair Bolsonaro e ministros de seu governo devem ser julgados por genocídio dentro e fora do país, para que, como diz a jurista Deisy Ventura em seu artigo, esse seja o último. Não basta, porém, deixar isso a cargo do governo e das instituições. É preciso que toda a sociedade, todos os grupos, de todos os Brasis se juntem para exigir o julgamento dos responsáveis. Doar recursos e alimentos é importante, oferecer-se como voluntária/o na Força Nacional do SUS é importante, mas não é suficiente. Precisamos — todas, todos, todes — nos engajarmos na luta por justiça. Precisamos não apenas porque é a única atitude ética diante de um genocídio, mas também por nós. Se deixarmos mais um genocídio passar, não haverá país nenhum.
SUMAÚMA Jornalismo do Centro do Mundo documentou o genocídio e segue documentando, com reportagens e artigos, para que nossa comunidade de leitores esteja bem informada sobre a complexidade dos acontecimentos e sobre as implicações de cada ato e, assim, possa se posicionar de forma inequívoca e efetiva. Como vocês sabem, nossa publicação de conteúdos é constante, e as newsletters são quinzenais – a próxima, portanto, chegará na semana que vem. Mas, diante da gravidade do que vivemos e da necessidade de agir com urgência, entregamos hoje uma edição extra que reúne nossa cobertura sobre o genocídio Yanomami.
Nosso desejo é que a comunidade de leitores de SUMAÚMA se articule para encontrar formas, junto a seus coletivos, de pressionar pelo julgamento de Jair Bolsonaro e pessoas de seu governo.
Justiça para o povo Yanomami.
Eliane Brum
Idealizadora e diretora de SUMAÚMA