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Sumaúma: Jornalismo do Centro do Mundo
Edição 39
quinta-feira, 02 maio, 2024
A luta por liberdade de imprensa, direitos Indígenas e da natureza é uma só
Jonathan Watts
Altamira, Rio Xingu, Amazônia

Vamos começar com boas notícias desta vez. O Instituto Dom Phillips será lançado em breve por Alessandra Sampaio, viúva do jornalista britânico assassinado em 2022, no Vale do Javari. A ONG terá foco na educação, salientando o valor da Amazônia e de seus povos. O movimento para levar adiante o legado de Dom é uma expressão de esperança, idealismo e de um espírito humano indomável que se recusa a se curvar diante de um crime horrendo e do contínuo ataque contra os povos Indígenas por poderosos interesses empresariais e políticos.

A ação é ainda mais notável porque as tendências dominantes no Brasil e no mundo seguem na direção oposta. A Floresta, os direitos Indígenas e a liberdade jornalística estão sob ataque. É uma conclusão óbvia diante dos terríveis acontecimentos em Brasília, onde o lobby do agronegócio, da mineração e dos agrotóxicos usa seu poder no Congresso, no Supremo e no governo para suspender as demarcações de Terras Indígenas, ressuscitar a historicamente injusta lei do marco temporal e lançar uma nova tentativa de autorização para mineração em Terras Indígenas.

Notícias sobre a guerra contra a natureza podem gerar menos manchetes do que Gaza ou Ucrânia, mas também representam um risco alto e pouca proteção legal. Em todo o mundo, várias dezenas de repórteres foram mortos por cobrirem histórias ambientais nos últimos 15 anos, e apenas um em cada dez dos assassinos é condenado. O movimento parece seguir no sentido contrário à lógica da Justiça e aos interesses da democracia: a lei tem sido usada cada vez mais contra jornalistas. Mais de 100 repórteres foram presos por cobrir protestos ambientais.

Sem a coragem dos correspondentes para seguir trabalhando em áreas de conflito, organizações de imprensa alertam sobre o fato de que o mundo vai começar a ter “zonas de silêncio”, onde os riscos são tão grandes que histórias importantes não serão reportadas. O mesmo pode ser dito sobre o meio ambiente ou a democracia, que ficam mais vulneráveis quando a verdade é estrangulada.

É por isso que o trabalho de Dom e Bruno – e o de inúmeros outros jornalistas, ativistas Indígenas e defensores da Terra assassinados – deve continuar. Em vez de serem silenciadas, as vozes dos defensores da Floresta e jornalistas devem ser amplificadas. Essa convicção sempre fez parte da concepção de SUMAÚMA.

Nossa missão está mais urgente do que nunca. Mas, se alguém está escutando, é uma questão completamente diferente.
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